FOTO: AFP / Chris Delmas

O ex-presidente americano Donald Trump anunciou nesta quarta-feira (20) que pretende lançar sua própria rede social. A “TRUTH Social” (VERDADE social) será propriedade do Trump Media & Technology Group (TMTG) e uma versão beta para “convidados” deve ser lançada no próximo mês.

A plataforma já está disponível para reserva na App Store, da Apple, informou o grupo em um comunicado. O ex-presidente americano tenta, desta forma, recuperar espaço na internet, após ser vetado no Twitter e no Facebook, e depois de ter incitado o violento ataque de seus seguidores ao Capitólio, em 6 de janeiro.

O TMTG também pretende lançar um serviço de assinatura de vídeos sob demanda com programação de entretenimento “no-woke”. Ele será dirigido por Scott St. John, produtor-executivo dos programas “Deal or no Deal” e “America’s Got Talent”, informou o grupo em um comunicado. O termo “woke” se refere à consciência das desigualdades sociais, sejam de raça, gênero ou orientação sexual.

“Eu criei a TRUTH Social e o TMTG para enfrentar a tirania das ‘Big Tech’”, afirmou Trump, em uma nota. “Vivemos em um mundo onde o Talibã tem uma presença enorme no Twitter, no entanto seu presidente americano favorito foi silenciado. Isso é inaceitável”, alfinetou Trump. O TMTG se fundirá com a Digital World Acquisition Corp (DWAC), uma empresa sem negócios específicos criada para fusões ou aquisições, o que permitirá que o grupo se torne uma empresa de capital aberto, explica o comunicado.

“A transação avalia a Trump Media & Technology Group em um valor empresarial inicial de US$ 875 milhões , com um ganho potencial adicional de US$ 825 milhões em ações adicionais (…), para uma valorização cumulativa de até US$ 1,7 bilhão, dependendo da performance do preço das ações pós-combinação de negócios”, continua a nota. “Devido ao mercado total ao qual pode se dirigir e à grande quantidade de seguidores do presidente Trump, acreditamos que o TMTG tem o potencial de criar um valor significativo para os acionistas”, acrescentou no texto Patrick Orlando, diretor da DWAC.

Liberdade de expressão

Durante anos, Trump, que usou o Twitter como arma retórica durante sua presidência e combateu as gigantes da tecnologia, afirma que as empresas o censuraram injustamente. A luta pela “liberdade de expressão” ganhou força após Facebook, Twitter, Instagram e o restante das maiores plataformas de redes sociais mundiais terem cancelado seu perfil, como punição por incitar a multidão que invadiu a sede do Congresso americano.

Desde então, Trump tem buscado a forma de recuperar espaço na internet, ao apresentar várias ações contra as plataformas de tecnologia. Em maio, ele estreou um blog chamado “From the Desk of Donald J. Trump”, que foi apresentado como um novo veículo de peso. Mas Trump, que também foi banido do YouTube e Snapchat, cancelou a página apenas um mês mais tarde.

Jason Miller, um ex-assessor de Trump, lançou uma rede social chamada Gettr no início do ano, mas o ex-presidente ainda não aderiu a ela. Pouco após o anúncio do lançamento da TRUTH Social, Miller cumprimentou Trump por “voltar a entrar na luta das redes sociais”.

Mistério em torno de futuro político

“Agora, Facebook e Twitter vão perder ainda mais mercado”, disse Trump em um comunicado publicado pelo Gettr. O Facebook vetou definitivamente Trump em 7 de janeiro por seus comentários que precederam a invasão do Capitólio, reduzindo em seguida a interdição a dois anos. O Twitter adotou a mesma medida, suspendendo permanentemente a conta de Trump – que tinha mais de 88 milhões de seguidores – devido ao “risco de que continue incitando a violência”.

Trump começou a realizar eventos públicos, inclusive comícios, tentando se manter como o líder republicano mais influente do país. Ele tem insinuado uma possível candidatura à Presidência em 2024, mas não fez nenhum anúncio sobre seu futuro político.

(Com informações da AFP)