FOTO: John Stillwell/Pool/Reuters

Morreu neste domingo (26), aos 90 anos, o arcebispo anglicano e Nobel da Paz de 1984, Desmond Tutu, informou a presidência da África do Sul. O religioso é conhecido por ser um dos maiores defensores do fim do regime do apartheid e uma das figuras mais proeminentes da história recente do país.

“Em nome de todos os sul-africanos, lamento com profunda tristeza a morte de Desmond Tutu, uma figura essencial na história do país. A morte do arcebispo emérito Desmond Tutu é um outro capítulo de luto no adeus de nossa nação a uma geração de sul-africanos excepcionais e que nos deixou um país liberto”, disse o atual presidente da África do Sul, Cyril Ramaphosa.

“Tutu era um patriota sem igual, um líder de princípios e com uma pragmatismo que deu significado vivo à compreensão bíblica de que uma fé sem obras é uma fé morta”, acrescentou.

A fala também refere-se a outra morte recente, do ex-presidente Frederik Wilem de Klerk no dia 11 de novembro, último presidente branco e que se tornou vice no governo de Nelson Mandela.

Símbolo de uma luta não-violenta para restabelecer a unidade entre brancos e negros no país, Tutu idealizou e presidiu a Comissão da Verdade e da Reconciliação (TRC), criada em 1995, e que se tornou um percurso doloroso e dramático processo de pacificação entre os dois lados. O comitê trouxe à tona a verdade sobre muitas atrocidades cometidas pelo governo branco contra a população negra durante cerca de 40 anos.

O arcebispo anglicano deixou suas funções formais na igreja em 1996 e, desde 1997, lutava contra um câncer. Recentemente, em uma entrevista, falou que era favorável à “morte com compaixão”.

“Eu preparei a minha morte e quero que seja claro que não quero ser mantido vivo a qualquer custo. Espero ser tratado com compaixão e que me seja consentido passar para a próxima parte da viagem da vida de maneira que eu escolher”, disse o religioso.

Além de sua atuação contra o apartheid, Tutu era conhecido por sua defesa dos direitos da população LGBTQIA+, alertava sobre os riscos graves das mudanças climáticas e não se furtava a dar opiniões sobre assuntos de relevância mundial.

*Com informações da ANSA