Jordi Cuixart, um dos independentistas indultados, ao sair da prisão. FOTO: Josep Lago / AFP

Após mais de três anos de prisão, nove ex-líderes separatistas condenados a penas entre 9 e 13 anos de prisão em 2019 foram libertados nesta quarta-feira (23). Eles se beneficiaram de um indulto anunciado na véspera pelo chefe do governo espanhol, Pedro Sánchez.

Sete dos líderes separatistas, que estavam no centro de detenção de Lledoners, a cerca de 70km de Barcelona, saíram da prisão carregando uma faixa com os dizeres ‘Liberdade para a Catalunha’. Eles foram acolhidos por centenas de pessoas, aos gritos de ‘independência’. O presidente regional catalão, Pere Aragonès, estava presente a abraçou cada um dos agora ex-detentos.

Ao mesmo tempo, deixaram suas respectivas penitenciárias a ex-presidente do Parlamento catalão, Carme Forcadell, e a ex-membro do governo regional, Dolors Bassa.

Todos ressaltaram, ao deixar a prisão, que não abandonarão suas opiniões políticas, apesar do indulto. Eles disseram que continuarão lutando pela independência da região, mesmo se agora terão que seguir na luta apenas como militantes, já que não podem se candidatar a nenhum cargo político pelos próximos anos.

Entre os perdoados, está o companheiro de partido de Aragonès e ex-vice-presidente catalão Oriel Junqueras, que havia sido condenado a 13 anos de prisão por sedição e desvio de dinheiro público. “Até o dia da vitória, continuaremos trabalhando com todo o povo deste país, sem excluir ninguém, para realizar o sonho de uma república catalã. Viva a Catalunha livre!”, declarou Junqueras em um palanque montado no local.

Separatistas queriam anistia

O indulto anunciado na véspera pelo chefe do governo espanhol, Pedro Sánchez, foi bem acolhido pela população catalã, mesmo se os independentistas consideram a medida insuficiente. Eles afirmam que o ideal seria uma anistia total para os líderes do grupo, já que o indulto foi concedido por Madri com a condição de que os líderes não cometam nenhum crime e, principalmente, que não se candidatem a nenhum cargo político.

Mas o Executivo regional reconhece que o indulto representa “um passo adiante” da parte de Madri. No entanto, Barcelona espera poder organizar novamente um referendo sobre a independência da Catalunha.

Sánchez informou que mesmo se os líderes separatistas seguem ineligíveis, eles poderão participar das negociações sobre o tema entre Barcelona e Madri, que devem ser retomadas no segundo semestre deste ano.

Em Madri, a oposição de direita criticou com veemência o indulto. No Congresso, o conservador Pablo Casado, do Partido Popular (PP), disse nesta quarta-feira que Pedro Sánchez cometeu um erro. “Você se colocou do lado errado da história, que não o absolverá”, declarou.

A tentativa de secessão foi a maior crise política na Espanha em 40 anos e teve como momentos fortes a realização de um referendo de autodeterminação em 1° de outubro de 2017 – uma consulta declarada ilegal por Madri – e a proclamação unilateral da indepedência no Parlamento catalão no dia 27 do mesmo mês. (RFI)