O que as pesquisas têm produzido de tecnologias simples e de fácil aplicação para a recuperação de áreas degradadas na Amazônia? Essa e outras perguntas serão respondidas na Live “Tecnologias Sociais para recuperação de áreas degradadas na Amazônia”, que acontecerá no dia 30 de novembro (terça-feira), às 9h (horário de Manaus) com transmissão pelo canal do Inpa no Youtube/INPA.

A degradação de áreas na Amazônia causa diversos impactos sociais e ambientais, entre eles o assoreamento (acúmulo de terra, lixo e matéria orgânica) em rios e igarapés e a perda da biodiversidade que reduz o número de animais e plantas e impede que a floresta se auto regenere. Diante disso, os pesquisadores Gil Vieira e Luiz Antonio de Oliveira apresentarão no evento técnicas e metodologias que podem auxiliar na recuperação gradual de áreas degradadas na região.

“Será um momento para o público, especialmente os pequenos produtores rurais, interagir com pesquisadores de consolidada trajetória de pesquisa na área”, ressalta a coordenadora de Tecnologia Social do Inpa, Denise Gutierrez, que será a mediadora do evento.

Recuperação e restauração ambiental

Oliveira explica a diferença entre restauração ambiental e recuperação ambiental. No primeiro caso, há o replantio de vegetação similar ao que existia antes da área ser desmatada, o que exige mais esforço, pois é necessário realizar o inventário da floresta adjacente para saber quais espécies ocorrem na região, coletar sementes e mudas dessa área e colocar na área desmatada, em quantidade até dez vezes maior ao que tinha porque parte das mudas não resistem. No segundo caso, pode-se utilizar espécies de relevância econômica ou ecológica, não necessariamente similares àquelas que existiam antes do desmatamento, mas é importante que tenham crescimento rápido, a exemplo das espécies de ingá.

O pesquisador destaca o desconhecimento como um dos fatores que dificultam a implantação de tecnologias para a recuperação de áreas degradadas na Amazônia. “Se pudermos trabalhar só com as áreas que já foram desmatadas, realizando restauração e recuperação ambiental, podemos tornar essas áreas produtivas e dispensar o desmatamento de novas áreas. Podemos desenvolver na Amazônia empreendimentos agroflorestais e econômicos sem a necessidade de desmatar mais hectares de floresta”, comenta.

Investimento em áreas degradadas

De acordo com Vieira, o investimento necessário para a recuperação de uma área degradada depende de alguns fatores, como o grau de degradação. Se a área for pequena, a degradação não foi severa e há um ecossistema matriz nas proximidades, o custo não será elevado, pois é possível utilizar a técnica de regeneração natural assistida, que consiste em cercar a área degradada e não permitir a pastagem de animais nem o cultivo. Ao longo dos anos uma vegetação secundária aparecerá e será feita a introdução de novas espécies em estágios mais avançados do gradiente sucessional das espécies. Nos casos de forte degradação, há a necessidade do uso de maquinários, coleta de sementes, produção de mudas, construção de poleiros, combate ao fogo entre outros, que exigem altos investimentos.

Em alguns casos, somente a semeadura direta de sementes de espécies pioneiras é suficiente para dar o pontapé inicial dos processos sucessionais e acelerar a recuperação”, completa Vieira.

Outras tecnologias voltadas para a recuperação de áreas degradadas na Amazônia serão compartilhadas na Live. Os interessados podem se inscrever no endereço https://www.even3.com.br/TecSocRecupAreasDegradadasAmazonia ou acessar diretamente o evento clicando aqui (https://youtu.be/kiRH33FKrug).

Minibiografias

Gil Vieira

Graduado em Engenharia Florestal pela Universidade de São Paulo (1980), mestre em Manejo Florestal pelo Inpa (1987) e doutor em Ciências Vegetais – University Of Oxford (1996). Pesquisador do Inpa desde 1987, atuando na área de manejo florestal, silvicultura, restauração ecológica. Foi coordenador do Curso de Pós-graduação em Ciências de Florestas Tropicias do Inpa (5 anos) e coordenador do MPGAP-Inpa por três anos.

Luiz Antonio de Oliveira

Graduado em Ciências Agronômicas pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (1976), mestre em Ciências do Solo pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (1982) e doutor em Soil Microbiology pela University of Minnesota (1988). Pesquisador titular do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia desde janeiro de 1977, onde ocupou os cargos de Vice-diretor, Diretor de Área, Coordenador Geral da PG, Chefe de Departamento, Comissão Editorial, fazendo parte das Comissões de Biossegurança, Bens Sensíveis, Suplente do Inpa no CGEN.

*Com informações de Governo Federal do Brasil