O objetivo é introduzir a fisioterapia com o uso de VNI ainda na enfermaria, partindo de estudos e experiências

A Secretaria de Estado de Saúde (SES-AM) está discutindo o uso de novas tecnologias no tratamento da Covid-19 em pacientes da rede estadual de saúde. Seguindo exemplo do estado do Ceará, que vem tendo bons resultados na utilização de Ventilação Não Invasiva (VNI) para amenizar o desconforto de pacientes com insuficiência respiratória e reduzir a intubação, a SES-AM pretende reforçar o serviço de fisioterapia nas unidades porta de entrada para a Covid-19.

O objetivo é introduzir a fisioterapia com o uso de VNI ainda na enfermaria, partindo de estudos e experiências que mostram que o reforço no tratamento ao paciente nesta etapa diminui o tempo de internação, evita levar o paciente para a UTI e reduz o índice de mortalidade.

Nesse contexto foi criada, por meio de portaria, a Subcomissão de Fisioterapeutas do Estado do Amazonas, no Âmbito do Comitê de Respostas Rápidas para o enfrentamento da Covid-19. O grupo é formado por profissionais da SES-AM e fisioterapeutas especializados em terapia intensiva e fisioterapia respiratória que atuam nos prontos-socorros da rede estadual de Saúde.

Com base em estudos recentes e levantamentos sobre a eficácia do tratamento em pacientes com a Covid-19 no Brasil e no mundo, e orientações já apresentadas pela Organização Mundial de Saúde (OMS), a comissão elaborou Nota Técnica para orientar o uso de VNI nas portas de entrada para Covid-19.

De acordo com o doutorando em Ciências da Reabilitação da Universidade Federal de Minas Gerais, Marcos Giovanni Carvalho, os estudos mostraram que o uso de terapias não invasivas reduz em até 61% a necessidade de intubação do paciente.

Na Nota Técnica, os coordenadores de fisioterapia de três grandes Hospitais e Prontos-Socorros (HPS) do Estado detalham os tipos e métodos recomendados, os resultados alcançados em pacientes acometidos pelo novo coronavírus e quais os perfis de pacientes que podem ser beneficiados com o tratamento. O documento é assinado pelos coordenadores dos Serviços de Fisioterapia do HPS João Lúcio, Sérgio Cruz; e do HPS 28 de Agosto, Alessandro Magno; e pelo fisioterapeuta intensivista também do HPS 28 de Agosto, Paulo Sá.

Os especialistas descrevem que “hoje não há dúvidas de que o uso da VNI em grupos selecionados de pacientes é responsável pela diminuição da necessidade de intubação, mortalidade e custos do tratamento. Diante do exposto, além da recomendação para o uso nos pacientes que sofrem de complicações pulmonares decorrentes da Covid-19, este método de tratamento pode ser indicado e executado por um fisioterapeuta para pessoas/pacientes que apresentam as seguintes condições: pós-extubação difícil, edema agudo pulmonar, doença pulmonar obstrutiva crônica agudizada, crise de asma agudizada, apneia obstrutiva do sono, fadiga muscular respiratória, doenças neuromusculares, disfunção diafragmática, colapsos pulmonares (atelectasias)”.

Além de reduzir o desconforto respiratório, a tecnologia proporciona melhorias nos níveis de oxigenação dos pacientes, conforme apontaram os especialistas.

Equipamentos – No documento, elaborado pelos especialistas, eles citam a utilização de máscaras VNI para reduzir a mortalidade hospitalar. Conforme os profissionais, a VNI mantém as barreiras de defesa natural, reduz a necessidade de sedação e o período de ventilação mecânica, podendo evitar intubação orotraqueal e suas possíveis complicações.

A comissão também orienta quanto aos equipamentos necessários para a realização de ventilação não invasiva. São eles: o Bipap, também chamado de Bilevel ou Pressão Positiva Bifásica, que favorece a respiração através da aplicação da pressão positiva em dois níveis.

E o CPAP, ventilação não invasiva que funciona aplicando uma pressão contínua durante a respiração, o que significa que é utilizado somente um nível de pressão. “Ressaltamos ainda que a terapia com CPAP é mais indicada para o cuidado e tratamento de pacientes que apresentam um quadro clínico de hipoxemia”, diz o documento, se referindo ao quadro de baixa oxigenação no sangue, muito comum em pacientes com Covid-19.