Uma jovem paciente recebe a vacina Pfizer contra a COVID-19, em Viena, Áustria FOTO: AP/Lisa Leutner

A vacinação de todas as crianças de 5 a 11 anos contra a Covid-19 foi validada pela Alta Autoridade de Saúde francesa, que se manifestou favorável a essa medida em um parecer emitido nesta segunda-feira (20). A decisão pode beneficiar 5,4 milhões de crianças na França.

Após a aprovação do Conselho Consultivo de Ética, a Alta Autoridade de Saúde autorizou a vacinação de todas as crianças contra Covid-19, a partir de 5 anos de idade. Os menores nessa faixa etária com patologias que favorecem formas graves já podem ser imunizados desde 15 de dezembro.

“A Alta Autoridade de Saúde propõe a vacinação aberta a crianças [de 5 a 11 anos sem comorbidades], sem obrigatoriedade e sem condição para obtenção do passaporte sanitário”, indica em nota, seguindo assim a posição do Conselho de Ética.

A vacinação deverá priorizar “crianças menores de 12 anos que frequentam o colégio (equivalente ao 5º ano no Brasil)” e pode ser realizada “assim que a formulação pediátrica da vacina Pfizer Comirnaty estiver disponível”, escreve a Alta Autoridade de Saúde.

A autoridade francesa justifica sua decisão pelo fato de que “formas graves de Covid-19 raramente afetam crianças, mas, quando o fazem, quase 80% delas são encontradas em crianças sem outras patologias”. Segundo o órgão, a chegada da variante ômicron, que é mais contagiosa do que a variante delta, “pode gerar um aumento nos casos de formas graves em crianças”.

Pfizer criou fórmula específica para crianças

A instituição especifica que a formulação pediátrica da vacina do laboratório da Pfizer, formulada especificamente para essa faixa de etária, “é eficaz contra as principais variantes atualmente em circulação e sua capacidade de prevenir formas graves é excelente”.

Consequentemente, mesmo que a relação risco/ benefício pareça menos importante em crianças do que em adultos, ela permanece “favorável” em nível individual, de acordo com dados da Agência Europeia de Medicamentos (EMA) e da FDA, sua equivalente nos Estados Unidos.

O benefício foi estabelecido e confirmado “por dados da vida real, com mais de 10 milhões de crianças vacinadas” e se confirma “no atual contexto de aumento da incidência da doença na França”, conclui a Alta Autoridade.

A autoridade espera que a vacinação seja feita no âmbito de uma “decisão médica compartilhada, sem que seja exigida ou obrigatória” e após a realização de um teste sorológico se a criança não tiver contraído a Covid-19 anteriormente. De fato, neste caso, as crianças receberão apenas uma dose. Se duas doses forem injetadas, elas devem ser espaçadas de 21 dias.

“Para emitir esta opinião, a Alta Autoridade de Saúde levou em consideração a análise dos estudos clínicos fornecidos pelo laboratório Pfizer, os dados internacionais de farmacovigilância disponíveis até o momento, os modelos matemáticos sobre o impacto da vacinação infantil na epidemia, as posições das várias partes interessadas ouvidas (associações de utilizadores e pais de alunos, profissionais de saúde, Educação Nacional, etc.) bem como o parecer da Comissão Consultiva Nacional de Ética”, refere o comunicado.

O governo também aguarda as conclusões do comitê gestor da estratégia de vacinas na manhã de quarta-feira (22). O comitê é responsável pela análise dos dados americanos de 2 milhões de crianças vacinadas com duas doses e avaliar possíveis efeitos adversos. Se o parecer for favorável, as injeções podem começar já na tarde de quarta-feira, segundo o ministro da Saúde, Olivier Véran.

Bélgica estabelece suas regras

Algumas horas antes da França, a Bélgica também autorizou, nesta segunda-feira, a vacinação contra a Covid-19 de crianças de 5 a 11 anos.

A vacinação para crianças, “gratuita e voluntária”, “só será possível com a anuência dos pais ou do responsável legal”, especifica nota de imprensa divulgada ao final de uma conferência interministerial.

Como na França, a vacinação será realizada com uma versão pediátrica da vacina Pfizer / BioNTech, “que é administrada em duas doses com 21 dias de intervalo”, indica o texto, lembrando que essa vacina foi aprovada pelo regulador europeu, a EMA.

A campanha deve comeeçar no final de dezembro e é destinada principalmente a crianças com comorbidades, para quem a vacinação é “fortemente recomendada” porque “as protege das formas graves da doença provocadas pelo vírus”, acrescentou o comunicado.

Também será oferecida a vacina para crianças sem outras patologias. “Assim, elas poderão beneficiar de uma melhor proteção individual, ao mesmo tempo que contribuem para a proteção das pessoas vulneráveis ​​ao seu redor e da sociedade como um todo”, diz o texto.

As autoridades belgas especificaram que o estatuto de vacinação das crianças não teria qualquer impacto nas suas atividades sociais, não sendo exigido passaporte sanitário para este grupo etário.

*Com informações da AFP