Jorge Rodriguez, de punho erguido, ao ser nomeado o novo presidente da Assembleia Nacional. ─ Foto: Matias Delacroix/AP

Com 256 dos 277 assentos controlados pelo partido no poder após as eleições de 6 de dezembro – classificada como fraude pelos principais partidos da oposição e não reconhecida pelos Estados Unidos, União Europeia e vários países da América Latina –, a Assembleia Nacional da Venezuela criou uma “comissão especial” para apurar o que qualificou de “ações perpetradas contra a República” pela legislatura de 2016 a 2021.

Os chavistas acusam os opositores de “roubo” e “malversação” de recursos de empresas e organismos estatais. Os aliados de Nicolás Maduro alegam que as irregularidades teriam aumentado após a posse, em janeiro de 2019, de Juan Guaidó como presidente do Parlamento e presidente interino.

Durante a primeira sessão de trabalho após a posse na terça-feira, os legisladores se referiram às sanções financeiras de Washington contra a Venezuela e sua petroleira PDVSA, assim como às denúncias de gestão irregular de fundos estatais bloqueados no exterior em decorrência dessas medidas.

Liderado desde 2019 por Guaidó, que reivindicou a presidência do país com o reconhecimento de 50 países, o Congresso opositor que acaba de sair de cena teria promovido “agressões” contra a nação sul-americana, disse o novo presidente da Câmara, Jorge Rodríguez. A primeira vice-presidente da Casa, Íris Varela, pediu que a comissão apresentasse resultados em menos de um mês, para que “a justiça atue com toda a sua força”.

Comissão é presidida por parlamentar suspeito de corrupção

Guaidó, que defende a “continuidade” da legislatura eleita em 2015, sob o argumento de que as eleições de dezembro foram “uma farsa”, tem sido alvo de inúmeras ameaças de prisão por parte de Maduro e de aliados do presidente. Mais de trinta deputados da antiga maioria opositora já foram presos, fugiram do país ou se refugiaram em sedes diplomáticas. Alguns deles foram perdoados por Maduro em setembro.

A comissão criada pelo novo Parlamento será presidida por José Brito, um legislador da oposição que rompeu com Guaidó no final de 2019, depois de ser incluído em uma investigação jornalística. Na época, segundo o site Armando.Info, um grupo de deputados do qual Brito fazia parte estaria envolvido em corrupção vinculada a um programa de Maduro para distribuição de alimentos subsidiados.

FONTE: AFP