Plataforma recebeu críticas por atuação no combate à desinformação no Brasil. (Imagem: Reprodução/Internet)

O Twitter anunciou nesta segunda-feira que adotou no Brasil, Espanha e Filipinas o mecanismo de denúncia de conteúdos que estejam potencialmente em violação de suas regras sobre informações enganosas. Atualmente, a possibilidade de denúncia funciona em teste apenas nos EUA, Coreia do Sul e Austrália, desde agosto do ano passado.

Sobre a escolha de Brasil, Espanha e Filipinas para a expansão do mecanismo de denúncia, o Twitter informou que selecionou esses países porque quer “colher aprendizados de uma pequena, porém geograficamente diversificada, gama de regiões – incluindo aquelas em que o inglês não é o primeiro idioma – antes de tornar a ferramenta disponível globalmente”. “Além disso – e paralelamente a nossas políticas já existentes em eventos cívicos anteriores -, o fato de 2022 ser ano de eleições no Brasil e nas Filipinas, assim como de meio de mandato nos Estados Unidos, contribuirá para a avaliação de como esta ferramenta de denúncias seria usada em períodos de grandes eventos cívicos”, destacou a plataforma em um comunicado.

Opção para denunciar desinformação no Twitter

Pressão

O anúncio ocorre quase duas semanas depois de o tema ser alvo de críticas na própria plataforma. A hashtag “#TwitterApoiaFakeNews” ficou no último dia 5 no primeiro lugar entre os assuntos mais comentados do Brasil, em meio a pedidos para que o Twitter aja de forma mais rígida contra a desinformação, principalmente relacionada à pandemia.

Um dos pontos levantados pelo movimento de usuários foi justamente o fato de o Twitter ainda não oferecer no Brasil a possibilidade de denunciar publicações com mensagens falsas sobre a Covid-19. Na ocasião, o Twitter informou que a ampliação do teste e eventual implementação da ferramenta para denunciar mensagens falsas sore Covid-19 em outros países dependeria dos resultados aferidos.

A campanha também questionou a verificação de contas bolsonaristas que espalham conteúdos enganosos sobre a vacinação contra a doença, inclusive de investigados por fake news no Supremo Tribunal Federal (STF). Um dos casos citados é o da blogueira bolsonarista Bárbara Destefani, que recentemente recebeu selo de verificação da plataforma.

A mobilização levou o Ministério Público Federal (MPF) a pedir explicações ao Twitter sobre medidas de combate à desinformação implementadas na rede. O órgão questionou a inexistência de uma opção no Twitter brasileiro para denunciar conteúdos desinformativos relativos à pandemia e os critérios usados pela empresa para conferir o selo de verificação a determinados usuários.

Uma campanha coletiva permanente, batizada de “Fake News Mata”, com diveras organizações, como o Sleeping Giants Brasil, também têm pressionado o Twitter, inclusive com envios de e-mails a diretores da plataforma.

Após a pressão de usuários, na semana passada, uma série de postagens do pastor Silas Malafaia, um dos principais aliados do presidente Jair Bolsonaro, com conteúdo negacionista sobre as vacinas contra a Covid-19 também foi removida pelo Twitter. Em uma das 11 publicações, ele ​​chamou de “infanticídio” a vacinação infantil contra a doença.

No comunicado sobre a expansão da opção de denúncia, o Twitter cita que se compromete “a considerar os relatos das pessoas no Twitter” para “entender as conversas e os desafios relacionados a desinformação em nosso serviço”.

Detalhes da política

Na nota publicada nesta segunda-feira, o Twitter afirmou ainda que mais de 50% do conteúdo que viola suas regras, principalmente sobre a Covid-19, de integridade cívica e de mídia sintética e manipulada, “é identificado por sistemas automatizados” e que “a maior parcela do restante é identificada a partir do monitoramento contínuo de nossas equipes internas ou do nosso trabalho com parceiros externos de confiança”.

A plataforma também divulgou que, desde o lançamento do mecanismo em teste, recebeu 3,73 milhões de denúncias referentes a 1,95 milhão de diferentes tuítes publicados por 64 mil contas distintas, mas que, por outro lado, pode não tomar medidas “em relação a todas as denúncias recebidas, assim como não poderemos responder a cada uma delas”. Em outro trecho, resaltou que menos de 10% da amostra de tuítes analisada por suas equipes correspondia a violações às políticas e que a ferramenta tem benefícios adicionais, como o empoderamento dos usuários.

“Esperamos que a ferramenta de denúncias ajude nossas equipes a entender melhor novas narrativas e tendências em desinformação, em escala, e contribua para que avancemos na capacidade de detectar conteúdo enganoso no Twitter em tempo real”, concluiu a rede social.

*Com informações da Agência O Globo