Profissionais de imprensa estão na linha de frente contra a Covid-19 desde o início da pandemia, informando a população sobre os perigos da doença. (Imagem: Reprodução)

Do início da pandemia até janeiro de 2021, o Brasil já perdeu 94 jornalistas para a Covid-19, de acordo com dados do Departamento de Saúde, Previdência e Segurança da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj). Segundo a sigla, o número, no entanto, pode ser ainda maior, já que foram levados em conta apenas os registros oficiais e notícias de falecidos. Na lista de estados com maior número de mortes, o Amazonas está em segundo lugar. A informação é do Portal Em Tempo.

Segundo a Fenaj, a maior quantidade de óbitos foi registrada nos últimos meses, com o avanço da pandemia no Brasil. No entanto, entre novembro de 2020 e janeiro de 2021, houve aumento de 25% das mortes.

Em material de divulgação da pesquisa, Norian Segatto prestou condolências às famílias das vítimas. Ele é diretor do Departamento de Saúde e coordenador da pesquisa

“Às famílias, amigos, colegas de trabalho de todas as vítimas da Covid-19, em especial dos trabalhadores da imprensa, nosso mais profundo pesar. Elas não são apenas números de uma macabra estatística, são pessoas, que viram ceifados sonhos, futuro, vida”, disse Segatto, que também é jornalista.

De acordo com a Fenaj, os números comprovam o que a sigla já afirmava anteriormente, que é a necessidade de os profissionais de imprensa serem reconhecidos como linha de frente.

“Os jornalistas estão na linha de frente do combate à Covid-19, com a cobertura da pandemia, por isso mesmo estão vulneráveis. Esse é o motivo pelo qual a Fenaj orientou os Sindicatos de Jornalistas a solicitarem aos governos estaduais/municipais a inclusão da categoria entre os grupos prioritários para a vacinação”, escreveu a federação, no anúncio da pesquisa.

Mortes no Amazonas

Segundo o relatório, foram registradas 14 mortes de jornalistas no Amazonas, por covid-19. O número é o mesmo do estado de São Paulo, o que gerou uma observação por parte da Fenaj.

“Chama a atenção os números do Amazonas, que tem uma população dez vezes menor que São Paulo (4,2 milhões contra 44,6 milhões). O estado tornou-se, a partir de janeiro, símbolo da falência dos poderes públicos, em especial do governo federal, no combate à pandemia”, observou a federação dos jornalistas.

De acordo com o Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Amazonas (SJP/AM), os dados de vítimas da imprensa no Estado são da Secretaria de Saúde.

“Em resposta à pandemia e seu impacto junto à categoria, solicitamos ao governo do Amazonas e Prefeitura de Manaus, a inclusão dos jornalistas na lista de profissionais com prioridade na vacinação, uma vez que o trabalho de divulgação tanto jornalístico, quanto institucional (dos assessores de comunicação e imprensa) não parou nem mesmo com o crescimento da pandemia e nossos colegas seguem arriscando suas vidas durante as coberturas”, comenta Ed Blair, vice-presidente do sindicato.

Segundo a representante da categoria, além do pedido de prioridade na vacinação, há ainda um pedido de mediação do Ministério Público do Trabalho em relação à TV e Rádio Encontro das Águas, em Manaus.

“[O veículo de comunicação] apresentou um quadro preocupante, tanto de casos de contaminação, quanto de mortes de profissionais e familiares de colegas da emissora”, afirma Ed Blair.

A vítima mais recente da imprensa amazonense foi o repórter cinematográfico Antônio Freire Toga, da TV Encontro das Águas. Ele morreu, aos 67 anos, por complicações da Covid-19, no dia 28 de janeiro deste ano.

Metodologia da pesquisa

Para alcançar os dados de mortes de jornalistas em todo o país, a Fenaj realizou buscas em notas de jornais, bem como entrou em contato com sindicatos de jornalistas nos estados do País. Foi utilizado como dado também o relato direto de amigos e familiares de vítimas, nos casos em que não era possível confirmar o registro profissional de cada vítima.